segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Auto/arte - educar



Tenho trinta anos, e um filho com 5 meses. Tenho a possibilidade de ser mãe... de educar e auto-educar. Tenho enormes desafios de criadora, mas muitas motivações de criatura. Tenho ofícios a cumprir! Voz para cantar, mãos para fazer e coração para refletir.
Entendendo que muitas limitações que se revelam na fase adulta têm sua raiz na infância, meu olhar atualmente está bastante interessado nessa fase da vida, nas pessoas enquanto crianças.
Atualmente, exercendo a licença maternidade, me sinto inspirada pela criação cotidiana, pela arte enquanto escolha de vida. Um sentimento de isolamento do mundo se contrapõe ao de maior pertencimento a ele. A arteducação se expressa na relação entre a cria e a criatura. Antes de ser mãe nunca havia pensado no significado desta brincadeira com as palavras cria, criação, criatura, criador(a)... Aliás, muita coisa não havia pensado antes de me tornar mãe.
Antes possuía o desejo que minha casa se tornasse um ‘Ambiente Pedagógico’, hoje isso é uma necessidade. E assim está posto meu desafio atual enquanto arteducadora.
Influenciada por um recente trabalho feito junto ao maternal do Acalanto Jardim de Infância (Holambra, SP) tenho observado e refletido sobre a influencia dos trabalhos de ofício na formação humana. Onde estão os marceneiros, padeiros, sapateiros, etc? Construir com as próprias mãos, fazer seu próprio alimento/vestimenta, confiar na transformação dos ingredientes... Que influência pode ter tudo isso enquanto formação? O educador(a) como alguém que faz o tempo todo, alguma coisa, que cumpre seus ofícios. Ora cozinha, ora varre, ora costura, ora arruma o espaço, ora coloca água nas plantas... E assim como seus ofícios, educa! Arteduca! Educa fazendo...
Qual a influência na formação da criança quando a mesma convive com adultos (pais) que não cumprem estes ofícios, ou que não executam esse tipo de trabalho nas suas próprias casas? Tendo em conta que isso está se tornando cada vez mais comum, o que isso pode significar em termos de formação humana? Essa referência íntima e familiar (e aqui também penso na escola como lugar de cultivo desta referência) é passada, atualmente com bastante freqüência, para outra pessoa que não os próprios pais.
E como os ofícios interferem nas brincadeiras infantis? Que relação tem o fato de estar cada vez mais extinta as atividades de ofícios, as atividades manuais, com a grande demanda de brincadeiras eletrônicas e automáticas?
Não tenho resposta, talvez muitas perguntas. Inclusive me sinto aprendendo a ler todas essas informações... O que é revelado em cada brincadeira? Como a brincadeira escolhida revela a criança e sua própria história? E por aí vai... as perguntas não param! Por ora me contento com estas perguntas auto-provocadoras. E finalizo como iniciei: Tenho trinta anos, e um filho com 5 meses. Tenho o Pedro! Tenho muitas perguntas pela frente...!
Pelo prazer de gerar e criar!


Lúcia Vernet
ABRA – Rede Brasileira de Arteducadores
Coord. de Formação e Recursos Pedagógicos

domingo, 23 de agosto de 2009

CRIATURAS CRIADORAS


Temos mãos para fazer, terreiros para varrer, histórias para contar, amor para compartilhar, crianças para brincar, o desejo para escrever, a cabeça para pensar, o coração para refletir, o nosso mundo para transformar.

No rabo do fogão a lenha aprendi a importância e valor de um bolo de fubá na brasa, de um frango caipira CRIADO pelo meu pai na horta de casa. As verduras orgânicas dispostas como flores alegravam e decoravam nossas mesas e brincadeiras. O porquinho CRIADO ao longo do ano alegrava o natal.

Depois, os filhos CRIADOS se mudavam para a capital.

Os CRIADOS em minha casa nunca tivemos, fomos nós CRIADOS por uma família sem estudo formal e com muito amor para compartilhar. CRIATURAS que CRIARAM.

Uns são CRIADOS na favela, outros CRIAM galinhas, outros, encantos.

Uns CRIAM amor, afeição, outros, pavor.

Uns CRIAM problemas, outros propõem temas, um cinema.

Que influência pode ter tudo isso enquanto formação?

Não somente a influência, mas a formAÇÃO da nossa vida infanto-juvenil-adulta, afinal “somos aquilo que fazemos com aquilo que fizeram conosco”. CRIAMOS a partir de como somos CRIADOS.

Como diz a arteducadora e mãe Lucia Vernet, temos todos enormes desafios de criadores, mas muitas motivações de criaturas.

Um brinde a todos aqueles que ainda varrem com tranquilidade o terreiro, amassam um pão, cuidam das plantas, dos filhos, param para preparar e dividir com amigos a alegria de uma comida caseira.

Um brinde aos arteducadores, filósofos, artistas, poetas e todos aqueles que podem ainda pensar (e agir) sobre a importância de tudo isso em nossas vidas.

Um brinde a todos aqueles que batalham para que as suas casas e vidas sejam ambientes pedagógicos sustentáveis, para que um dia então possamos de fato deixar de usar o termo “meio ambiente” para falarmos somente do “ambiente” do qual fazemos parte, para que com solidariedade, possamos brincar com responsabilidade, transformando assim nossas vidas, nossas crianças e nossa história.

Enquanto isso....

peneiro palavras

fragmentos, brincadeiras de um tempo que passou

e se passou ... passou

formigas pretas, amarelas, pequenas, grandes...

todas inexoravelmente chegam lá

dentes pretos de tristeza e descaso

o sorriso ingênuo e sábio que me desconstrói

grilos cantam a magia da floresta e

um passarinho insistente repete incansavelmente a mesma música

louva me Deus que eu nunca mato

há rumores que traz sorte

peneiro palavras

rios inventados por Barros

peneiro...

peneiro...

sem eira nem beira

à beira de um ataque -

descanso o esqueleto nelas,

as impronunciáveis

Tyr Peret

Mestre em Artes – Tradução Bilíngue / University of Westminter – Londres

Diretora de Tradução como Ferramenta Pedagógica e Intercultural do IDEA 210

Membro do Comitê Gestor do IDEA 2010 – VII Congresso da IDEA -International Drama/Theatre & Education Association

Colaboradora da Rede Brasileira de Arteducadores - ABRA

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

II ENA: NOVA DATA: 01 A 04 DE OUTUBRO DE 2009!!!


Devido a crise financeira e ao atraso no repasse dos recursos, o II ENA, Encontro Nacional de Arteducadores-ABRA e Casa do Sol Salvador, teve sua data alterada.O encontro acontecerá entre os dias 01 a 04 de outubro de 2009.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

II ENCONTRO NACIONAL DE ARTEDUCADORES_ Viva a diversidade viva! Abraçando a Cultura por Transformações Sustentáveis

A Rede Brasileira de Arteducadores (ABRA) e Casa do Sol realizam em Salvador – Bahia, o II ENA: Encontro Nacional de Arteducadores que acontecerá entre os dias 1 a 4 de outubro de 2009.

A Rede Brasileira de Arteducadores (ABRA) dedica-se a apoiar, difundir e interligar projetos que utilizam as linguagens artísticas como ferramentas pedagógicas transformadoras para a formação e produção cultural. Reúne e colabora com educadores comprometidos com a criação de intervenções culturais e interculturais que valorizam a construção de processos coletivos em comunidades, escolas, universidades, grupos e organizações de culturas populares. A ABRA, através da sua rede incentiva a criação de propostas e políticas públicas voltadas a arteducação. E também busca a ampliação de diálogos para fortalecer suas raízes Latino Americanas.

O II ENA amplia e focaliza suas ações com oficinas e intervenções artísticas nas comunidades populares de Salvador e Região Metropolitana. Com ações descentralizadas o evento tocará a cidade, interferindo efetivamente nas práticas dos projetos e ONGs parceiros. O ENA possibilita aos seus participantes a oportunidade de criar e realizar atividades de arteducação em diferentes comunidades de Salvador e Região Metropolitana, gerando vínculos solidários e efetivos entre os bairros e arteducadores de todo o Brasil.
Como promover o diálogo entre sonhos em construção e projetos já existentes? Quais alternativas para enfrentar os desafios econômicos, sociais, ambientais e políticos do século XXI? Quais são as iniciativas que estão transformando o país através da arteducação? Como as outras áreas do conhecimento e atuação humana dialogam com a arteducação nos seus trabalhos?
Estas são algumas questões que inspiram o II Encontro Nacional de Arteducadores. E convidamos você, seu grupo ou instituição a colaborar em processos de transformação social através das linguagens artísticas e a criar alternativas para pensar o mundo de uma outra forma, em busca de novos paradigmas no campo social, da cultura e da educação.


Salvador rumo ao II ENA: homenagem à vida do teatrólogo Augusto Boal - 29 de maio de 2009 UFBA

COMO PARTICIPAR DO EVENTO

São convidados a participar do eventos arteducadores, educadores do ensino formal e não formal, artistas, educadores populares, profissionais de áreas diversas que utilizem as linguagens artísticas em seus projetos, lideranças comunitárias, estudantes e interessados afins.
Através de inscrição como Participante (Ficha de inscrição + pagamento de taxa) ou com Proposta de Apresentação de Trabalho.

Existem quatro modos de participar do evento com Proposta de Trabalho:
√ Comunicação (relato de Experiência) – Que será compartilhado em grupos de diálogo com duração de 15 minutos. Enviar resumo da pesquisa/experiência que deseja partilhar em grupos de diálogos. Preencher ficha de inscrição + pagamento de taxa.

√ Oficinas – Você poderá oferecer proposta de atividade prática com 4 horas de duração, incluindo uma avaliação do processo para comunidades de Salvador e região metropolitana. Os oficineiros que tiverem suas propostas selecionadas iniciarão um diálogo autônomo E MEDIADO com a ONG ou projeto onde irão realizar a atividade, criando trocas de saberes e reestruturação coletiva da proposta apresentada. Preencher ficha de inscrição + pagamento de taxa.

√ Mosaico Científico – Você poderá mostrar o seu trabalho ou de sua organização/ instituição através de um Painel Criativo (com fotos, painéis, objetos, obras, vídeos, música...), revelando suas reflexões e práticas em arteducação para a transformação pessoal e social. Espaço destinado a cada painel: dimensão 1 X 2 com possibilidade de utilizar uma pequena mesa para expor materiais e cd room (computadores serão de sua responsabilidade).

√ Intervenções Artísticas – Poderá apresentar uma proposta de apresentação artística. As propostas passarão por uma seleção realizada pela comissão organizadora

Os inscritos poderão participar de oficinas, rodas dialógicas dos relatos de experiência.
Cada participante é convidado a trazer para o ENA um objeto que represente sua comunidade ou região para ser compartilhado, além de fotos e outros materiais sobre a sua prática em arteducação.
O evento será realizado em dez comunidades populares de Salvador e Região Metropolitana e em instituições parceiras como Universidade Federal da Bahia, Policia Militar, escolas e teatros
A solidariedade é uma das diretrizes de todos os encontros da Rede ABRA e caso necessário os participantes terão a disposição alojamento. (Solicitar na ficha de inscrição)



Reunião da Equipe Local ABRA/BA e Coordenação Nacional da ABRA - maio de 2009

SOBRE A CASA DO SOL...





A Casa do Sol é uma instituição sem fins lucrativos, cujo objetivo principal é a formação integral de crianças e jovens, moradores das áreas mais desfavorecidas de Cajazeiras V e entorno. Nela são realizados vários projetos educativos e artísticos, sempre buscando o envolvimento e a participação da família e da comunidade.
A Casa do Sol foi criada em 1997, pelo então pároco da comunidade de Cajazeiras, Pe. Luis Lintner, que preocupado com a realidade das crianças e adolescentes, apostou na criação de uma entidade que pudesse oferecer o contrário do que a situação mostrava: carência de condições saudáveis de vida, educação de péssima qualidade e falta de oportunidades de desenvolvimento pleno principalmente de crianças, adolescentes e jovens.


Em 2006, a Casa do Sol foi vencedora do Prêmio Criança 2006, oferecido pela Fundação Abrinq. Este prêmio revelou que a casa do sol vem desenvolvendo um trabalho que, congrega educação e cuidado, valorizando a cultura, a historia local e o saber de cada criança.
“A grande inovação dessa iniciativa parece ser o poder de transmitir valores sociais, comunitários, humanos e cidadãos de forma muito eficiente – vemos de imediato o seu efeito”. (Claudia Mascarenhas, visitadora do prêmio Criança 2006 Fundação ABRINQ)
Em 2007, a entidade foi finalista do Prêmio Itaú Social, importante premiação oferecida pelo Instituto Itaú Social, a nível nacional, na categoria de projetos de médio porte, desenvolvido com crianças e adolescentes do projeto Adolescentes em Ação – Oficinas de Arte, que estudam em escola pública.(objetivo do prêmio é valorizar iniciativas que contribuem com o fortalecimento da escola pública).